Quando descobri que meus piores algozes foram os meus
melhores professores, ficou muito mais fácil aprender a perdoar.
Aprendi a ser independente muito antes do tempo normal,
graças a um pai muito severo. Na época, eu não entendia, mas, se não fosse por ele, eu não teria saído de casa
tão cedo para aprender a trabalhar, o que me proporcionou uma especialização
profissional precoce, uma condição de vida muito superior à que eu tinha na
infância e, por que não, uma aposentadoria mais satisfatória.
Aprendi a me amar de verdade, quando me deparei com pessoas
que fingiam sentir amor por mim, mas que, no fundo, somente sacaneavam-me com
traições. Ai de mim se não tivesse aprendido eu mesma a cuidar de mim e me
proteger como teria feito com um filho indefeso, até o ponto de nunca mais permitir
que ser humano algum, viesse com suas atitudes trazer-me qualquer sofrimento.
Aprendi a confiar mais em mim ao deparar-me com pessoas que
tentavam colocar-me para baixo quando, utilizando-se do abuso do poder, infligiam-me
tratamentos rudes e humilhações.
Aprendi a gostar da minha própria companhia, conforme fui
sofrendo o abandono de pessoas que eu amava.
E assim, por diante ...
Tudo foi uma questão de sobrevivência, o que torna minha
vida, hoje, muito mais fácil e mais agradável de ser vivida. Certamente, eu não
teria e não seria o que tenho e o que sou, se não fossem os meus algozes. Só
por ter entendido essa verdade, o agradecimento substituiu o ódio, fazendo com
que o perdão, sem muito esforço, se instalasse em meu coração.
Ninguém está em nosso vida por acaso; principalmente, aqueles que nos incomodam.
(Sueli Benko)